CORALINANDO (intimismo)
Sou daqui, de um vilarejo suburbano
Criado na rua e no quintal
Menino de jogar bola no campão
Brincar de dardo, malha e rolimã
Carrinho de lata, esconde-esconde
Pega-pega e escorregar no barranco
E entre coisa e outra, um livro
E brincar com o pensamento
Que virava palavra para dizer
O que a timidez impedia
Eu era dois ou três personagens de mim mesmo
Moleque de subir no telhado, correr de bicicleta
Brincar até cansar, sem hora para comer
Sem hora para entrar (em casa)
Até a mãe chamar, até a mãe gritar, até o pai mandar
Aluno dedicado, nos números e nas letras
Quase sempre bem passado, cada ano, cada tempo
Na solidão, conversava com o pensamento
Desde tenro, era com a caneta e o papel que me confidenciava
Encantos infantis, temores de noites intermináveis,
Sensação de que o tempo fluiria veloz feito raio
Tudo virava palavra e pensamento por onde eu podia viajar
Entre o que era, o que não era real e o que eu quisesse sonhar.
Assim como Coralina
Tornei meus escritos, companheiros
Relatos de uma vida,
Sonhos verdadeiros,
Outros, passageiros como aqueles tempos ...
De repente, não sou diferente dela
As escritas coadjuvaram minha história
Diante do protagonismo das necessidades.
Magnus 01/10/2024